25 de agosto de 2011

Acerca da Brincadeira Infantil.



Registro de uma discussão.
Brincar é para a criança um trabalho sério no aqui e agora, agindo sobre o mundo hoje. A brincadeira é uma atividade social a partir das quais a criança recria a realidade lançando mão de sistemas simbólicos. Através dela a criança experiencia e constrói-se como ser humano. Não se concebe a brincadeira como uma atividade social inata, não surge espontaneamente. Precisa ser aprendida. Nela a criança desenvolve o raciocínio, observa regras, expressa-se, conhece o corpo , representa o mundo e age sobre ele. A brincadeira deixa de ser apenas divertimento tornando-se um meio de contribuição e desenvolvimento da criança. Muitas vezes a criança faz a contragosto as atividades propostas pelo professor, mas sempre brinca muito bem por estar colocada inteira, ativa, dona da sua própria ação nessa atividade sendo fundamental que o professor  perceba a brincadeira no contexto e não uma pequena parte tomando-a como um todo. As interações sociais  são tomadas como ponto relevante no espaço de vida coletiva que é o CEI. Nesse ambiente de espaços diferenciados as interações em grupo são permeadas por influencias diversificadas por condições sócio culturais determinantes, para o processo ensino aprendizagem. O CEI deve ser um espaço de socialização de vivencias e interações onde se envolvem professores e crianças, condição essencial para que aconteça a aprendizagem de forma descontraída, enriquecedora e profícua, onde a criança busca o outro desenvolvendo-se nas relações. E o adulto precisa de tempo e espaço para estabelecer essas relações ampliando também as suas possibilidades. Em situações que envolvem gênero o posicionamento do professor diante delas deve ser o de amenizar, e não solidificar o estereotipo de gênero. Também é relevante o pensamento de que não basta que as crianças brinquem apenas. È necessário considerar a presença do corpo na brincadeira e ver além do raciocínio e do desenvolvimento intelectual. Perceber dentro dela as relações de conflitos e como estão sendo solucionados, o sofrimento que as vezes ela traz, as renuncias, as angustias. Pois nem sempre ela é lúdica, não é sempre descontração e diversão. Perceber a brincadeira como principal, mas não única forma de atuar. Espontaneidade não é o mesmo que espontaneismo. Sobre a organização do espaço no CEI, teoricamente é pressuposto que sejam levadas em conta todas as dimensões humanas. Um lugar marcado pela ludicidade, a arte, a cognição, o afeto, o corpo, as diferenças mais variadas... garantindo o imprevisto e não a improvisação. Um lugar que permita à criança incluir-se em diferentes grupos, grandes ou pequenos, da mesma idade ou de idades diferentes. Com propostas individuais e coletivas. Com ou sem a presença constante do adulto. Define-se o espaço como o espaço físico e os moveis, inclui sala, higiene, refeitório, parque. O ambiente reporta a vida, ao contexto educativo contemplando a presença de  zonas circunscritas com diferentes arranjos que propiciem escolhas para as crianças. A organização do desse lugar comunica o que é permitido ali : liberdade ou opressão, criação ou repetição, atividade ou passividade. Pretende-se que a ação do professor nesse espaço tome como base as concepções de criança, de infância, de educação infantil. Embora o espaço possa estar organizado sugerindo autonomia, a passividade estará presente caso seja o adulto que determine as ações da criança, que precisa estar livre para reorganizar favorecendo a exploração e as interações, para transformar e ser transformada pelo ambiente.  Entre os  diferentes arranjos espaciais a privacidade deve ser considerada e o pertencimento social possível de ser exercido. Os espaços podem também ser pensados invocando a dimensão corporal, com musica, dança, movimento, teatro. Devem superar a mesmice do igual o ano inteiro flexibilizando a organização na sala, no parque, no refeitório, na sala do sono. Promover o conhecimento que pode vir no momento das refeições e a participação das crianças na sala do sono. Buscar ideias e as sugestões na escuta pedagógica é essencial para o enriquecimento do planejamento.

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