Terça-feira
Ainda Pensando...
Numa proposta de educação infantil que acredite nas relações com o outro e consigo mesmo como um forte aliado para o aprendizado, desenvolvimento da pessoa completa. E que pense na faixa etaria abaixo dos 6 anos como periodo de vivencia da infancia (sem estar dito que a infancia acaba aos 6 anos), e portanto brincar sem direcionamentos é possivel e saudavel para o cerebro e para a alma. Por uma educação infantil que compartilhe com os Direitos da Criança (Maria Malta Campos ). Por uma educação infantil que não dite o horario para brincar no parque e horario para fazer "atividades", como se crianças no parque não estivessem em atividade, e das mais preciosas. Ali as crianças aprendem respeito, solidariedade, valores. Desenvolvem a auto estima, superam limites, medos. Aprendem sobre si mesmas e sobre o outro, e aprendendo sobre o outro, aprendem mais sobre si mesmas num circulo sem fim. E este ser iluminado, que é o professor de educação fisica, com seus conhecimentos nesta área pode tornar-se um parceiro nesta proposta. Pode, se pensar em questões sérias como a VIVENCIA da infancia. Os momentos reservados a educação fisica não precisam necessariamente ser cumpridos com uma turma fechada. Promover momentos coletivos que incentive a interação entre crianças de idades diferentes pode proporcionar mais prazer na participação. Seguem alguns exemplos que podem contribuir:Aerobica : com música animada o professor de educação fisica com auxilio de outros professores incentivam movimentos, passos de dança e de ginastica. Uma variação pode ser feita com musicas que conduzem os movimentos como: agora eu vou andar (xuxa); dança das caveiras , galinha não voa, o caramujo e a sauva (palavra cantada);Obstáculos em circuito: algumas cadeiras ao lado uma da outra para passar por cima, uma escada deitada no chão para passar sobre os degraus ou entre eles,uma corda para passar por baixo, uma mesa para subir com um colchão bem perto para pular sobre ele, uma tábua separada por duas cadeiras formando uma ponte e passar sobre ela. Esses (ou outros materiais) ficam em circulo para que possa haver uma sequencia e organização. As crianças maiores podem auxiliar as crianças menores segurando pela mão.Futebol : com camisetas de alguem da familia, alguns jogam, alguns torcem. A torcida pode ter pom-pons para animar.Quebra-cabeça de duas partes: com formas simples faça figuras grandes, pinte bem bonito. Corte ao meio e leve para distribuir entre as crianças aleatoriamente. Depois vá orientando as descobertas para ver quem é o par de quem, ou seja, quem tem a outra metade que forma a figura. Se for reforçado pode ser usado várias vezes.Só brincar: pendure garrafas pet ou garrafões d'agua com pequenos objetos dentro, nas árvores ou nos brinquedos do parque, cordas amarradas de uma árvore na outra ou num dos galhos, redes, caixas de tamanhos e materiais diversos, e deixe que as crianças brinquem simplesmente. Observe as possibilidades que elas criaram, porque elas vão mostrar criações não pensadas.Dança da cadeira: o objetivo é brincar portanto a regra da eliminação perde o sentido.Dança da corda em altura: pode -se variar acrescendo materiais para serem carregados ao pasar por baixo.Bolinhas de sabão: acrescendo anilina no detergente elas ficam coloridas. Muitos recipientes podem ser feitos com o fundo da garrafa pet para colocar o detergente e o gargalo para soprar. Dessa maneira muitas crianças podem participar soprando tambem. Acrescente a musica "bolinha de sabão "(claudia leite).Ovo choco: a brincadeira é antiga, e as crianças gostam muito além de promover valores fisicos e relacionais.Animação com jornais: uma pagina de jornal para cada criança , uma para cada professor e musica. O professor inicia explorando o papel com movimentos suaves de forma que as crianças compreendam a proposta. Os movimentos vão sendo criandos coforme a reação das crianças. Como sugestão: amassar criando uma bola para o papel fique mais facil de moldar, brincar de jogar para o alto, andar com ela entre os joelhos, na palma da mão. Desmanchar a bola com cuidade para não rasgar e torcer criando formas de explorar.
(ainda pensando)
Sempre é importante lembrar que os professores da educação infantil não estão sozinhos em sala por necessidade. O mesmo vale para professores de educação fisica na educação infantil. Ele precisa sempre de colaboradores nas atividades que propõe.
Para chamar a atenção de crianças que estão no parque, basta começar a brincar de roda com tres ou quatro que logo a roda estará com um numero bom para propor uma brincadeira divertida que incluam os objetivos da educação fisica. Quando o professor é desta área, melhor ainda pois ele geralmente é muito dinamico e pode (nesta proposta) não estar responsavel direto por uma turma inteira onde as crianças precisam de outras atenções. Propor uma brincadeira de maneira que a criança se disponha espontaneamente a participar possibilita que as faixas etarias se misturem. Isso inclui irmãos brincando juntos, vizinhos, amigos proximos que não estão na mesma sala, além de aproximar e protagonizar a interatividade. Lançar mão de brincadeiras antigas é uma otima opção. È relevante considerar que o professor que atua em sala não está sozinho, sempre tem alguem que o auxilia, e o professor de educação fisica não é diferente. Pelas mesmas razões ele também precisa de alguem para acompanhá-lo. Quanto maior o numero de crianças e quanto menores forem as crianças mais isto se faz necessario. Depois de um pequeno periodo de concentração, como o exemplo da cantiga de roda outra proposta pode ser introduzida.
Bate Manteiga
Duas colunas (crianças lado a lado) de frente uma para a outra afastadas por uma distancia razoavel, dois ou tres metros, dependendo das idades.
As crianças são orientadas a esticar um braço com a mão aberta. Uma criança de uma das colunas vem até a coluna da frente, escolhe um amigo,(que o perseguirá) bate na mão e sai correndo até estar de volta ao seu lugar. O amigo perseguidor fará o mesmo e assim por diante.
Lendo com Lupa: Não é necessário que seja incentivada a competição com crianças que ainda estão em fase de afirmação e construção de identidade, onde os conflitos internos são pouco compreensiveis para a criança. Dos 3 aos 6 anos a criança passa por fases distintas nesse sentido como: negação, sedução e imitação. A brincadeira tem objetivos nobres. Nela a criança vai aprender sobre si e sobre o outro. No desenrolar da brincadeira ela vai observar as suas proprias condições e as do amigo que vai escolher. Vai faze-lo por afinidade ou por ter observado o "risco" que corre na escolha do companheiro. Vai considerar a possibilidade de trazer o amigo para a sua coluna, ou de correr menos para ir para a coluna dele, e isso é afetividade. Vai bater mais forte ou mais leve, se a criança for muito pequena, e isso é autocontrole, afeto, cognição, motricidade. Vai dar risadas, ofegar, perceber as batidas do coração, isso é emoção .
"O movimento como recurso de visibilidade se transforma no primeiro recurso de sociabilidade, de aproximação e fusão com o outro. (...) Une os individuaos entre si, dando suporte a atração precoce e poderosa que a criança sente por seu semelhante e que é a sinalização de sua profunda necessidade do outro (...) O papel do Outro é crucial : organiza as atividades da criança e é o seu complemento indispensável e permanente. O ato motor é ainda um recurso privilegiado para a construção do conhecimento. As sensações só são retidas, discriminadas, identificadas no momento em que a criança é cpaz de reproduzi-las por meio de gestos aproriados.Do contrário continuariam indistintas, confundindo-se entre o que depende da excitação e o que depende da reação. " (Mahoney,p.17)
Lendo com Lupa : As programações coletivas, que envolvem crianças de faixas etarias diferentes, são extremamente prazerosas aos participantes. As crianças participam expontaneamente fortalecendo vinculos, construindo valores, contribuindo para o crescimento e conhecimento entre os envolvidos sem deixar ranhuras no que se refere aos objetivos em questão. Neste caso as fitas foram oferecidas sem compromisso, a musica foi colocada Professores e crianças participaram, cada um a sua maneira, criando movimentos, pesquisando possibilidades, observando o efeito dos gestos e do vento sobre as tiras, as vezes com uma, as vezes com mais, todos se divertiram por mais de uma hora. E viva a infancia, momento impar, numa vida toda a ser ditada por regras e autorizações independentes de desejos.
Sábado
Uma questão em especial causa-me profunda preocupação na educação infantil. As crianças sob controle e dependentes da autorização do adulto, durante oito, dez, as vezes doze horas por dia. A vivencia da infancia, fase mais curta da vida do ser humano, momento de grandes decisões: desenvolvimento da autonomia, iniciativa, conhecimento de si e do outro, conhecimento de si atraves do outro. Promover o proprio desenvolvimento, experimentar os proprios limites sentindo-se cuidada vendo a superação deles ser oportunizada. Estar num lugar de educação construindo valores pelo reconhecimento e compreensão deles e não pela autoridade das regras ditadas em pseudo combinados resultando numa pseudo construção.
Propostas avançadas em educação Infantil preconizam a interação entre crianças de diferentes faixas etárias. Autores como Vigotski e Wallon fazem forte alusão a essa questão e a importância dela para a construção da identidade e desenvolvimento da criança. Propostas pedagógicas orientam para essa pratica. Olhares atentos a um grupo ou dupla de crianças pode ler o aprendizado intrínseco nas relações que estabelecem, nos argumentos e expressões que usam, nas soluções de conflitos, na elaboração de conceitos, na construção de valores que ocorrem ali. A formação dos professores e o currículo do curso de educação física podem ser fortes aliados nesta conquista. Sem desprezar os objetivos de uma aula tradicional, as atividades coletivas, brincadeiras, movimentos interativos com crianças de diferentes idades são oportunidades realizáveis, mais producentes. A proposta de uma brincadeira de roda no parque ou no pátio para as crianças que se dispuserem, um momento de musica com ginástica, circuito de obstáculos, jogos com bola e regate de brincadeiras populares são exemplos de riqueza de oportunidades que vão fazer da educação física, momentos de alegria, diversão, prazer, educação, formação de conceitos e desconstrução do que está posto.
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Lendo com Lupa : As pipas ou caxetas foram feitas no parque com as crianças escolhendo os materiais, as cores, o tamanho dos cordões e aprendem com a própria ação o efeito do vento, o que faz com o proprio corpo e o efeito disso no brinquedo. Sem deixar de exercitar a agilidade, destreza, coordenação ampla... |
Lendo com Lupa : Crianças de 1,2 a 3 anos brincam felizes com bolhinhas de sabão e bola enquanto exercitam a coodenação viso motora, o equilibrio, tônus muscular, jogo ativo e passivo tão necessário. Bem no cantinho da foto uma criança brinca de motoca sem prejuizo.
Lendo com Lupa : Uma criança de 4 anos é auxiliada enquanto aprende a superar os proprios medos e limitações com outras crianças (5 e 6 anos) torcem por ela incentivando. Ela está desenrolado o fio que segura uma pet com a qual o grupo brincava de jogar um para o outro.
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