Participar do processo de acolhida na educação infantil não basta estar presente, é necessário inserir-se no exercício da convivência. Apurar o olhar sensível, cuidadoso e atento para perceber o que encanta, o que aproxima as crianças umas das outras e do professor. O contato pelo toque, pelo olhar, pelo sorriso, pela voz pela percepção aguçada que cria, pela atitude e não pela falta dela. Segundo Correa (2008) essa atitude deve ser de aceitação e hospitalidade frente ao outro. Mesmo as crianças em relação umas as outras podem ser estimuladas a desenvolver a pratica do acolhimento envolvendo emoções, sentimentos, caráter, mais do que intelecto nesse momento.”
É importante que o professor esteja consciente de que cada criança é singular e vão manifestar suas insatisfações, apreensões de maneiras e em tempos diferentes. Precisam de tempo para um ajuste fora da intimidade do lar, num ambiente coletivo onde tem sua atenção divida entre os demais.
Possibilitar que objetos transicionais possam ficar com elas, bicos, cheirinho, um brinquedo que trouxe de casa, pois trazem consigo o apego relacionado ao afeto de alguém significativo para ela.
Observar rituais para dormir, comer, trocar; especialmente os menores de 3 anos.
Falar com ela, mesmo os bem pequenos, sobre o que podem fazer juntos mostrando possibilidades de brincadeiras, brinquedos e espaços enquanto apresenta a instituição.
A rotina deve ser bem planejada para que possa ser seguida nesse período com o mínimo de modificações possível. Esse movimento faz com que a criança vá adquirindo maior segurança, localizando-se no tempo e espaço dominando com maior facilidade o ambiente. Fortalece a auto estima uma vez que sentirá desenvolver-se a autonomia.
Valer-se de atividades clássicas como musicas e historias aproveitando para introduzir o nome das crianças na musica e situações, emoções e sentimentos vividos pela criança nas historias.
Pesquisar na ficha de entrevista as preferências da criança tendo essas informações como referencial na organização do espaço. Segundo Rizzo (1986,p. 314) duas preocupações são fundamentais: “a primeira de constituir-se em ambiente atraente, agradável, estimulador da curiosidade exploratória, característica da criança. A segunda, de estar de tal forma organizada, que possibilite à criança aprender a “usa-la” facilmente para que se sinta segura dentro dela.” A sala organizada em atividades ou espaços diversificados favorece o movimento e autonomia das crianças brincando umas com as outras dando mais liberdade ao professor para atender individualmente a criança que está mais sensível a situação.
Essa premissa também vale para o espaço fora da sala, onde o professor deve aproveitar enquanto as crianças brincam para canalizar a atenção. Bolhas de sabão, banho de bonecas, passarinhos , brincadeiras musicais...
Considerar os sentimentos da criança e falar com ela sobre eles ajudando-a a conhece-los e nomea-los facilita a expressão e a compreensão de si mesma.
Brincar de esconder e revelar (esconder a criança com lençol e “achar” retirando o lençol ) , foi ... voltou... (amarre com cordão um objeto, pode ser um carrinho ou balão, empurrando o para fora da vista da criança, dê à ela a ponta do cordão estimulando –a a puxá-lo até que ele volte) conversando sobre o efeito dela sobre o objeto. A brincadeira faz alusão a ida e a volta da mãe, além da influencia da criança no retorno.
Segundo Abigail Mahoney (2004, p.83) “O professor pode então usar inúmeras técnicas para o aluno racionalizar suas emoções tais como: oferecer situações que permitam representar a emoção, (...) permitir o movimento para liberar a tensão, intercalar momentos de maior e menor concentração etc.”
O professor pode avaliar a dinâmica da sua sala e considerar a possibilidade de o acompanhante da criança fazer-lhe companhia nos primeiros dias, não deixando de pensar e observar o movimento e o sentimento das crianças que não terão essa alternativa.
O movimento da instituição deve ser amplo e de todos, incluído todos os funcionários , coordenação e auxiliares de coordenação. No atendimento aos pais, localizando-os com segurança, sanando duvidas ou receios ao mesmo tempo lembra-lhe o cronograma e a necessidade de respeitá-lo. No atendimento as crianças quando e sempre que se fizer necessário apoiando os professores em momentos mais movimentados e agitados.
Compreender que o processo de acolhimento não está encerrado quando o choro da criança cessar. Ele se estende por todo o ano e em alguns casos pode acontecer de ser retroativo. É relevante considerar a possibilidade de manifestações diferenciadas no comportamento das crianças, não somente o choro. Algumas podem não chorar, mas não se alimentar, não dormir, evitar o banheiro por ter que necessitar do auxilio de outra pessoa, excluir-se das atividades propostas, apatia ou agitação ou agressão demasiada. Crianças com esses comportamentos devem ser alvo de observação e atenção ao longo dos dias.
CORRÊA, Eloiza Schumacher. Como criar um clima propício à adaptação. In: Revista Pátio
Educação Infantil. Conteúdo exclusivo. 2008.
RIZZO, Gilda. Educação Pré-Escolar. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1986.
MAHONEY, Abigail Alvarenga; ALMEIDA, Laurinda Ramalho (Org). Henry Wallon Psicologia e Educação. S.P. Loyola, 2002.
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